Turbilhão de beijos é uma valsa-choro de Ernesto Nazareth, um dos mais criativos compositores do início do século XX da música brasileira.
Para ouvir esta música na brilhante interpretação de Wilfried Berk, um clarinetista carioca, descendente de alemães, baixe aqui. Mais músicas dele.
O poema, pois, que arriscaremos a compor, a partir da sugestão musical e poética é este:
Turbilhão de beijos
Seus beijos roçam minha'lma,
eu diria extasiado, arrebatado
por Nazareth e sua valsa-choro...
Mas mesmo sem evocar estes tempos idos,
por tanta gente esquecido
atualizarei agora mesmo o que sinto:
- Deixo minha alma, mergulhada no teu beijo,
a viajar, brejeiro, encantado,
pelos caminhos de minha infância
lá onde, por certo, estou protegido
de tudo o que mais tarde me ameaçaria...
Um turbilhão, então, me colhe:
o dos teus beijos, que me levam para longe no tempo,
para onde te carrego, segurando-te firme as mãos...
Sob as árvores do quintal dos meus amigos
naquela casa onde sempre me refugio,
continuo a te beijar e te ofertar as flores
que colhi despreocupado,
em algum trecho do caminho...
Por lá tecemos tantos sonhos!
- o de ficarmos sempre juntos,
nas horas futuras que o tempo
há de garantir, no seu escoar lento;
- o de brincarmos, de verdade, de casinha
com os tantos filhos que já aconchegamos
e carregamos, ao colo, a dois;
- o de pavimentarmos a estradinha
que nos leve longe, além das curvas perigosas.
Assim te beijo, assim me beijas.
Assim te amo.