quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Exercício de escrita espontâneo e inesperado

...um texto...

SUA FAMÍLIA É RESILIENTE?! Ideias coletadas em uma breve leitura...

Na adversidade é que se forja a resiliência (flexibilidade mais resistência; rápido retorno ao equilíbrio e à serenidade após uma crise de qualquer natureza).

A dor é a semente da superação.

Os obstáculos deveriam ser vistos como sustentáculos do esforço contínuo e necessário para se atingir objetivos.

O incômodo que os atletas sentem após os exercícios são pequenas dores que os preparam para a superação de metas e a consolidação das conquistas, que sempre exigem muito esforço.

A existência de um grau mínimo de resiliência já nos provê de forças suficientes para enfrentar parte das adversidades, nos ajudando a resistir e a retornar ao equilíbrio possível.

Quando, porém, ampliamos a resiliência nos candidatamos a mudanças mais profundas em nossa vida. Estamos referindo aos processos consistentes de transformação e desenvolvimento de diversos aspectos da nossa vida emocional, espiritual.

A resiliência também se manifesta em nossa vida familiar, mesmo que não pensemos nisso ou sequer avaliemos o grau ou as situações em que ela se manifesta.

Como não faltam ocorrências dolorosas, eventos traumáticos, ocasiões de desajustes e desequilíbrio estamos, o tempo todo, usando e testando a resiliência familiar.

Todos estamos, a sós ou em grupo, sujeitos a riscos, ameaças, perigos. Estaremos mais ou menos vulneráveis conforme a capacidade de absorvermos as adversidades e seus fatores de risco.

Há riscos de toda natureza. Cíclicos (ocorrem de tempo em tempo); cotidianos (pequenos e simples transtornos, aborrecimentos); traumáticos e imprevistos (ocorrências de violência); crônicos (que são recorrentes e com os quais se convive sem muitos abalos) e outros.

Administrar os riscos é necessário. Ignorá-los pode ser perigoso!

Há também fatores de proteção que podem atenuar ou neutralizar os impactos que os riscos trazem à convivência em família. Entre outros, destacamos:

. Celebrações em família - instantes mais intensos de convivência afetiva.

. Tempo compartilhado nas rotinas e tradições familiares - momentos aguardados e vivenciados com prazer e leveza.

. Comunicação produtiva e desembaraçada - conversa mais fluida e acolhedora.

. Lazer em grupo - diversas combinações de momentos e formas de diversão.

. Vínculos afetivos mais estreitos - a afetividade equilibrada traz segurança.

Padrões de conduta positiva são criados quando a família tem um bom nível de resiliência. Um deles é a habilidade de se resolver os conflitos e a buscar o consenso mesmo em meio aos dilemas e crises.

Há famílias que lidam com as adversidades de modo mais "introvertido" ou "extrovertido", sereno ou explosivo. São traços constitutivos que se construíram e que não devem ser avaliados como positivos ou negativos. São o que são.

O importante é que a presença em graus elevados da resiliência faz com que as circunstâncias adversas sejam superadas, restaurando-se a integridade dos laços afetivos e o clima de alegria e bem-estar.

É possível aumentar o grau de resiliência familiar. Os caminhos e meios são diversos, mas alguns pontos merecem reflexão:

. Crenças

- Qual o significado que damos ao que ocorre cotidianamente em família?

- Quais são os valores que cultivamos juntos? Estão mais focados no SER ou no TER? No próprio prazer, individual ou na busca de se conviver a despeito das dificuldades a transpor?

- Temos cultivado a espiritualidade, a religiosidade, a transcendência?

- Temos dado atenção às tradições familiares, ao cultivo da memória, o culto aos ancestrais?

- Temos conseguido compartilhar sentidos, percepções, sentimentos, significados?

. Padrões de convivência e organização

- Temos conseguido negociar os papéis no jogo da convivência diária, como pais, cônjuges, filhos?

- Temos respeitado o poder, a autoridade daqueles que a tem, seja por função ou mérito?

- Como andam os laços de proteção e segurança que temos construído juntos? Frouxos, apertados, resistentes?

- Os nossos níveis de coerência entre o pensamos e como agimos estão adequados?

- Temos conseguido cooperar com os cuidados que a casa, o quintal, o jardim exigem?

- Como anda a avaliação dos compromissos e objetivos que temos traçado juntos?

. Modos de resolução de problemas em família

- Somos flexíveis à mudança?

- Temos entendido as crises e adversidades como desafios a serem verdadeiramente compartilhados (ou tenho feito o papel do indiferente, do soluciona-tudo-sozinho, do acusador?)

- Estamos conseguindo nos manter coesos, firmes e nos apoiando um ao outro?

- Temos aprendido a valorizar e a ampliar as conquistas já consolidadas? (o que temos feito de especial, além da rotina?)

- Temos aumentado a nossa capacidade de aprendizado coletivo? (temos lido, discutido temas úteis e produtivos, ouvido boas músicas, assistido bons filmes, passeado por lugares interessantes?)

Sonia Rocío De la Portilla Maya, psiquiatra colombiana que inspirou todo este artigo, afirma existir dois tipos de recursos que ampliam a resiliência em família, o afetivo e o social.

Os recursos afetivos dizem respeito a quatro sentimentos e/ou atitudes que merecem atenção: autocontrole; tristeza; tédio e recuperação do equilíbrio.

O autocontrole tem a ver com a nossa capacidade de lidar com situações de estresse. Para adquiri-la é necessário trabalhar os impulsos, principalmente os da violência (infligida aos outros ou a si mesmo).

A tristeza exige manejo, cuidado. Temos que aprender a lidar com suas ocorrências. Negá-la, mascará-la ou buscar suprimi-la por meio de medicamentos implica em maiores riscos, mais tarde. Esta emoção básica deve ser sentida, vivenciada e superada sem drama ou trauma, por serem desnecessários.

O tédio, este sentimento assustador e tal nosso de cada dia, também exige experiência com a sua lida. Ele está associado a como vivenciamos o tempo. Svendsen nos diz que o tempo para quem experimenta o tédio "em vez de ser um horizonte para oportunidades, é algo que precisa ser consumido". O entediado não sabe o que fazer com o tempo livre, com o tempo do ócio (que deveria ser usado para o aprendizagem prazeroso, para a criatividade, conforme proposta de Domenico De Masi).

Por fim, a recuperação do equilíbrio é uma das formas de se experimentar a resiliência. Após a batalha pela resistência e a luta para ser preservar dos abalos, temos o processo de retomado do momento anterior, do equilíbrio, que nunca será o mesmo (estaremos mais maduros, é certo), mas é o momento da tranquilidade, da segurança.

Os recursos sociais lidam basicamente com a nossa capacidade de mobilizar apoio nas redes de relacionamento em que estamos inseridos.

Pais, educadores e profissionais da saúde mental têm, portanto, muitas tarefas a cumprir juntos, em face da necessidade que se tem de se fortalecer a resiliência familiar.

As políticas públicas, em quaisquer níveis, estão longe de prover as condições para que as famílias atinjam níveis mais elevados de resiliência. O que há, de modo geral, são projetos e programas esporádicos que atendem, por razões emergenciais, determinadas demandas sociais...

Cabe a adesão de mais instituições e pessoas neste esforço, que deve ser coletivo.

Para finalizar, e atento ao texto original do qual se originou este estudo e reflexões (Risco suicida e sua prevenção a partir da família) transcreveremos as palavras da Dra. Sonia Maya:

. A família é a rede mais importante na prevenção do risco suicida (e de outros eventos críticos, acrescentamos);

. É fundamental promover, junto às famílias, a sensação de união e apoio, a expressão das emoções e a manutenção de um ambiente cordial, no qual os conflitos diminuam ou sejam superados.

...outro texto...

A resiliência é uma força que se opõe e nos resguarda das devastações emocionais e físicas que as vivências críticas nos trazem.

Alguma coisa ruim pode nos acontecer? Se acontecer, os resultados serão danosos?

Se você está às voltas com algum tipo de situação adversa em que há risco de sofrer choques, perturbações, abalos a sua RESILIÊNCIA será posta à prova.

A capacidade de conter a trepidação, a oscilação, a comoção e sair da situação adversa com um grau pequeno ou praticamente nulo de repercussão negativa indicará o nível de resiliência alcançado. Quanto menor o trauma, maior a resiliência.


Em suma, a cada vez que enfrentamos uma adversidade e saímos fortalecidos, maior se torna a nossa resiliência. Quanto maior a nossa resiliência mais capacidade temos para superarmos traumas e aprender com eles.

Fonte de inspiração: http://bit.ly/riscosuicidaefamilia