quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Parecenças


Quanto suor!

E pensar que para soar falso
nem é preciso fazer força...

Tem gente - e pode ser a gente mesmo -
que tem uma estranha habilidade
de parecerem consigo mesmas,
exaustivamente, copiosamente
de tanto repetir-se
seja nas grandes e ousadas
tentativas de fazer-se presente
seja nas pequenas torpezas...

seja tu mesmo, tatu!
nem cutia, nem capivara
nem onça pintada, nem tuiuiú...

Nota: a partir do poema do Binho, abaixo:

Disfarces

diz
que
me
ama
e
assoa
o nariz

tão
real
que
soa
falso

rio
feito
quem
sabe
e
se
cala


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Um autor que recebe cartas e as responde...


O programa livro-carta-mural está seguindo o seu curso, como o Rio Madeira, que banha nossa cidade e se espraia adiante, avante, atravessando fronteiras até deixar-se consumir/consumar no Rio Amazonas, de quem é afluente da margem direita (como todos sabemos, mas não custa acrescentar!)

Com o livro-carta fluindo, dias letivos se consumindo rumo às férias, os alunos começam a se corresponder com este autor praticamente anônimo e, em razão disso, desconhecido do grande público (o que é uma benção, podem acreditar!)

Hoje, ainda agorinha, recebi uma dúzia de cartas, de uma das escolas do programa, a Escola Municipal Pé de Murici, no bairro Planalto. 

Cartas com envelopes gigantes, desenhados e enfeitados com figuras em relevo, feitas com E.V.A. 

Na primeira que abri, recebo algumas boas traçadas linhas do Kauã, que me diz:

Ontem eu falei para minha colega que estas histórias são muito legais. Eu mal posso ver as outras histórias! Meu nome é Kauã... Ponto final, tchau!

Recado esperto, rápido, com um grande abrupto, que encerra tudo com chave de ouro e rima.

Ele ainda desenha uma mangueira (a fruta da época) com algumas boas mangas penduradas e duas crianças sob a árvore. Simples assim. Terno assim.

Eu, agora, responderei estas e outras cartas, uma a uma. Enviarei cartões (do Ceó Pontual), assinaturas, como esta abaixo e outros mimos, que eles bem merecem.

É isso. Sigo contente na minha condição de escrevinhador bem situado neste quadrante da Amazônia Ocidental, ainda desconhecido, mas aguardando que nossos escritos cruzem as fronteiras desta terra e se espalhem por aí, soprados por bons ventos.