para escrever o meu primeiro romance
de ficção histórica, acima intitulado, lancei a questão apresentada a seguir,
num grupo de discussão.
- Quais são os contornos
biográficos, ficcionais ou reais, de uma pessoa que se tornou uma lenda?
O estudioso G. Mascarenhas, que tem
se debruçado sobre a ficcionalidade dos livros de aventura, mangás e animes me
respondeu:
- Os detalhes imprecisos sobre a
vida de um ser lendário, mesmo que humano, lembra uma ilha de contorno fluido,
cuja figura é inconstante. A depender de onde sopra o vento, as areias se
deslocam e um novo desenho surge. Como mapear algo assim mutável? Esta ilha, é
bom situar, está localizada num mar de histórias, de gêneros diversos, que
interage com a lenda e o seu mundo.
Aproveitando sua disponibilidade,
fiz outra pergunta:
- É possível, hoje, explorar seres
humanos com características lendárias, num romance de ficção histórica?
A resposta é um primor de
objetividade e síntese:
- Hoje, mais do que nunca,
precisamos recuperar histórias heróicas, de pessoas simples, anônimas. Elas
fogem do perfil clássico dos herois por não terem, é claro, poderes
supranormais. Mas tem virtudes heroicas notáveis e dignas de serem descritas
por meio da arte ficcional.
Não resisti e continuei
importunando-o. Descobri que o Mascarenhas já passou dos 75 anos... Mas é muito
solícito.
- Naturalmente que a arte ficcional
e o registro documental podem se entrelaçar, não é?

O nosso personagem lendário é o
Capitão Thomas, de Barbados, no Caribe. Um pirata do século XVII, que tinha uma
biblioteca no seu navio. Teria vivido entre 1688 e 1718. A bandeira do seu
navio tinha de um lado um punhal e do outro um coração. Era chamado, por todos
estes motivos, de "pirata cavalheiro"...
Em breve, apresentaremos os
primeiros esboços desta lenda viva dos sete mares.