sábado, 6 de abril de 2013

se cantar, esconjura, aí vai!

A mágoa, outrora tão cantada
nas canções populares
hoje é tão somente
corrosivo na alma

Talvez nem merecesse tornar-se poema
mas dizem que desabafar
é sempre remédio, pois extravasa...

O que vaza, no entanto, não é coisa
bonita de se ver, de se apreciar
pois é purulenta sangria
clamando cuidado

Dizem que a própria palavra vem macerada,
desde o distante latim, de "macula"
portanto, o termo vem marcado
como sangue opresso, pisado

E quem disse que é bom sentir-se assim?

Somente associado à vontade
do "sentir dó de si mesmo" que nos gruda
à pele vez ou outra, derivado também
do "coitado de mim".

Pois sentir-se magoado, pisado
é bem assim: a gente se sente coisa nenhuma
bem abaixo do estrume do famoso cavalo
passando a conviver com os vermes que passam
a nos corroer por dentro
numa agonia sem fim...

"Ah, esconjura, faz qualquer coisa
manda chispar, xô depressão,
por prevenção (que ela vem junto!)
faz reza brava, apela para todo santo
se precisar tome uns goles de água benta
pois nunca se deve reter coisa assim, amarga,
com gosto de fel, essa tal malvada mágoa!"