domingo, 11 de janeiro de 2015

Numa curva do rio Guaporé nossas naus se encontraram: Capitão Thomas e o Príncipe da Beira

para escrever o meu primeiro romance de ficção histórica, acima intitulado, lancei a questão apresentada a seguir, num grupo de discussão.

- Quais são os contornos biográficos, ficcionais ou reais, de uma pessoa que se tornou uma lenda?

O estudioso G. Mascarenhas, que tem se debruçado sobre a ficcionalidade dos livros de aventura, mangás e animes me respondeu:

- Os detalhes imprecisos sobre a vida de um ser lendário, mesmo que humano, lembra uma ilha de contorno fluido, cuja figura é inconstante. A depender de onde sopra o vento, as areias se deslocam e um novo desenho surge. Como mapear algo assim mutável? Esta ilha, é bom situar, está localizada num mar de histórias, de gêneros diversos, que interage com a lenda e o seu mundo.

Aproveitando sua disponibilidade, fiz outra pergunta:

- É possível, hoje, explorar seres humanos com características lendárias, num romance de ficção histórica?

A resposta é um primor de objetividade e síntese:

- Hoje, mais do que nunca, precisamos recuperar histórias heróicas, de pessoas simples, anônimas. Elas fogem do perfil clássico dos herois por não terem, é claro, poderes supranormais. Mas tem virtudes heroicas notáveis e dignas de serem descritas por meio da arte ficcional.

Não resisti e continuei importunando-o. Descobri que o Mascarenhas já passou dos 75 anos... Mas é muito solícito.

- Naturalmente que a arte ficcional e o registro documental podem se entrelaçar, não é?

- Sem dúvida. A própria ideia de ficção história remete a estes dois modelos de investigação e escrita. Disse investigação, pois estes personagens, como foros de realidade histórica, precisam ser conhecidos por meio de pesquisas metódicas. A escrita, que se socorre da arte ficcional, tem por missão confundir o leitor. Ao lado da verossimilhança (aquela velha impressa de realidade que se parece, de verdade, real!), o desafio da consistência narrativa e a âncora de alguns fatos históricos já exaustivamente estudados.

O nosso personagem lendário é o Capitão Thomas, de Barbados, no Caribe. Um pirata do século XVII, que tinha uma biblioteca no seu navio. Teria vivido entre 1688 e 1718. A bandeira do seu navio tinha de um lado um punhal e do outro um coração. Era chamado, por todos estes motivos, de "pirata cavalheiro"...

Em breve, apresentaremos os primeiros esboços desta lenda viva dos sete mares. 

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