Pendências
Não desejo deixar mais nada pendente:
Nem pingente, nem roupa seca tomando poeira no varal...
Recolher a todo instante o que esvoaça
E roçando passa promovendo atrito,
Pois manter pendências é exatamente isto:
Deslocar legiões de fantasmas a nos assombrar
Como as lembranças fugidias, das quais tentamos em vão escapar...
Estou fazendo devassa, levantando tudo o que vaga
Pelas paredes sujas, pela bagunça das gavetas
Pelo sótão da memória bem abarrotada
De quinquilharias não devolvidas
De promessas feitas e jamais cumpridas
Desejo agora tão somente o que possa
Dar firmeza e rumo ao chão:
Pedras soltas em meio aos dormentes
Destes feitos com madeira de lei
Para melhor assentar os trilhos
E poder seguir viagem...
E pensar que por deixar pra trás tanta coisa
Que tinha ou devia fazer
Que tudo fosse virar poema, ocupando a leitura alheia!
Por tudo o que seja sagrado, peço pois a meu leitor:
Não deixe nada pra depois e nem adie o que fazer!!
Por fim, buscando rima para finalizar este poema
Algo que rime com Bandeira Nacional – digna de ficar pendente
Nos postes, nos mirantes, ao alto, tremulante,
acabei, agora, por encontrar em meio às lembranças
uma frase simples, talvez apenas pra mim especial:
“Quando cumprimos à risca todos os deveres
O sentimento que brota no coração é tão compensador
Que nada no mundo se torna igual”....
Breve surto poético II - 26 abril 2007 (revisto hoje)
Nenhum comentário:
Postar um comentário