A propósito das Três Marias
Lugar comum pode ser
paisagem desbotada
que tantas vezes visitada
começa a nos cansar o olhar
Mas se o olhar se renova,
quando a ele se acrescentam
memórias de outros olhares,
novos retalhos de paisagem
surgem a nos reencantar.
Até mesmo águas passadas
tornam a mover os moinhos
e estas águas – caminhos
hão de trazer de longe
histórias esquecidas
Aí, diante das Três Marias,
tão nossas, tão firmes ao chão,
mas desgarradas no tempo,
face ao novo olhar hei de indagar:
- os operários em Chicago
suspeitavam da obra que ajudavam
a levantar tão distante?
- os estivadores em Itacoatiara
sabiam em que ponto mais distante
os milhares de parafusos iriam aportar?
- os marujos, de água doce e do mar
sabiam o que estavam a carregar?
e o mais grave ainda:
aqueles que a admiram
tem a mais vaga noção
de quantos acontecimentos passados
este momumento foi testemunha?
- quantos discursos, de improviso,
ali foram proferidos?
- quantas juras de amor entoadas
e levadas da boca ao coração?
Se alguma resposta puder ser obtida,
favor remeter ao meu endereço.
Segue abaixo orientação...
Foto: Mario Venere (nosso colega professor na UNIR)
PS.: escrita em meio às correções de textos produzidos pelos alunos porto-velhenses para a Olímpiada da Língua Portuguesa (2008).
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