Poetas são heróis de pequenos feitos
anotados a lápis em papel de pão,
em guardanapos, na palma da mão...
Logo pela manhã saem à caça de palavras,
pois buscam descobrir sentidos ocultos
em tudo o que é dito ou escondido,
ou revelado às ocultas, em meio ao silêncio.
Essas buscas nunca são em vão:
em meio a chavões, frases-feitas-vencidas
eis que o poeta se depara
com sorrisos que dispensam todo verbo
olhares com relatos de longa vida
gestos, atitudes que uma crônica,
bem escrita, mal consegue traduzir...
Depois de tudo recolhido, vem o melhor:
o poeta rumina e começa a compor
com fragmentos de ditos e não-ditos
o mosaico das cenas recolhidas
- imagens-palavras de cada dia
retratos dos homens e suas sinas
Como nem sempre com tudo se delicia
pois que também descreve torpezas
se vê às voltas com as brincadeiras
que cada palavra propicia...
Abel Sidney
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