Grata tarefa a de semear letras ao vento
Que diante de tudo que tenho a fazer
do muito a realizar, em boa semeadura
que estes contratempos sejam como o pó
a sujar a sandália desgastada e
a ferida a exigir atadura
Varrendo o pó, revendo os acontecidos:
- quantas coisas aborrecidas no trabalho
e em casa, na lida de todo dia
coisas que por vezes me atazanam
e perturbam , me atando as mãos
que devo lavar com água benta na pia...
Sei que tenho tarefa a cumprir e
a hora, mais do que nunca, é chegada:
hora sagrada, em que do coração atento
devo deixar das mãos tudo escorrer
Mas a tudo me calo e engulo, sereno
pois na madrugada, a me refazer,
pego do lápis e me deixo divagar
em meio ao trabalho de tudo rever
pois na madrugada, a me refazer,
pego do lápis e me deixo divagar
em meio ao trabalho de tudo rever
pois alimento bom devo entregar!
Relembrando, então, estes embaraços
julgo tudo muito tacanho, pequeno
coisa de menor vulto, expressão
pois embora pequena tarefa
tenho tomado a escrita, mesmo modesta
como elevada missão
julgo tudo muito tacanho, pequeno
coisa de menor vulto, expressão
pois embora pequena tarefa
tenho tomado a escrita, mesmo modesta
como elevada missão
Seguirei, portanto, nas boas horas
do dia ainda a amanhecer
com as letras a semear. insistente
sob o bom sopro de vida a me inspirar
pois nas noites escuras que se prenunciam
luz alguma haverá de se desprezar
do dia ainda a amanhecer
com as letras a semear. insistente
sob o bom sopro de vida a me inspirar
pois nas noites escuras que se prenunciam
luz alguma haverá de se desprezar
Reafirmo, portanto, por meio do meu canto:
mesmo distante de ser um sol resplandecente,
em meio à escuridão reinante
em torno das angústias e alheias tormentas
hei de ser estrela cadente...
mesmo distante de ser um sol resplandecente,
em meio à escuridão reinante
em torno das angústias e alheias tormentas
hei de ser estrela cadente...
2 comentários:
Reinante é a sua metáfora. Levada a vida entre uma palavra e uma inspiração no romper da noite. Quanto travessura menino! O norte te fez bem. Não falo do norte norte-amazônico. Falo do nortear. O verbo que soubeste destilar em visão tridimensional sem deixar empalhado o verde da tua floresta.
Grato Homem do Norte, pela acolhida do nosso escrito poético.
Não tinha noção, mas agora sei que este poema foi e há ser um "re-nortear"!
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