As três filhas (fábula tártara)
Uma mulher pobre tinha três
filhas. Dia e noite, ela trabalhava para alimentar e vestir suas meninas.
Elas cresceram rapidamente como as andorinhas e seus rostos
brilhavam como a lua cheia em noite escura.
Uma após a outra todas se casaram e foram com seus maridos para um
lugar um pouco distante.
A mãe ficou sozinha, cheia de saudades. Junto dela não havia
ninguém, a não ser um esquilo de pelo avermelhado.
Quando se sentia muito triste, a mulher conversava com o pequeno
animal.
Passaram-se alguns anos e aquela mãe envelheceu. Um dia ela ficou
tão doente que chegou a pensar que morreria sem ver as filhas.
- Esquilinho, meu amigo, ela disse – corra e vá até as minhas
filhas! Diga a elas que venham com urgência, que não demorem!
O pequeno esquilo correu até a casa da filha mais velha e lhe
disse o que sua mãe havia ordenado.
- Ah! lamentou-se a filha – Eu gostaria muito de ir, mas preciso
lavar estas duas bacias de louça.
- Lavar estas duas bacias de louça?! – esbravejou o esquilinho. –
Então, fique grudado nelas!
As duas bacias logo saltaram da mesa e abraçaram a filha mais
velha, pelo alto da cabeça e por debaixo dos pés. Ela caiu e se transformou em
uma grande tartaruga, que saiu se arrastando para fora.
Correu o esquilinho até a segunda filha e lhe entregou a mesma
mensagem.
- Ah, como eu gostaria de ir correndo ver minha mãe, mas eu estou
tão ocupada! Tenho que terminar de tecer esta rede para vender na feira.
Esbravejou novamente o animalzinho:
- Tecer a rede? Então continue tecendo por toda a vida, sem parar
nunca mais!
A segunda filha foi transformada em uma aranha.
Correu, por fim, o pequeno esquilo até onde morava a filha mais
nova, que naquele instante fazia pão.
Ao saber o que estava ocorrendo com sua mãe, não disse nada e nem
mesmo as mãos ela lavou, tendo saído correndo em direção à casa materna.
Ela ainda encontrou sua mãe viva e passou ao seu lado algumas
horas, em que pode conversar com ela, abraçá-la e dizer o quanto a amava!
- Leve consigo, para sempre, muita alegria, minha menina – disse o
esquilinho à filha mais nova daquela mulher. – Todos que você encontrar
pelo caminho haverão de proteger e de cuidar de você, dos seus filhos, netos e
bisnetos...
E assim aconteceu. A terceira filha viveu muitos anos em segurança
e cercada de carinho.
Quando chegou sua hora de morrer, ela se transformou em uma
pequena abelha dourada.
No verão é possível vê-la a colher néctar para que nunca falte mel
no mundo.
Ela pousa em todo pão doce que encontra e, depois de experimentar
um pedacinho, volta para casa.
No inverno, quando o frio ameaça congelar tudo, a abelhinha dorme
em sua quente colméia e nas poucas vezes em que desperta, ela come mel e bebe
suco de frutas.
Esperantigis Bronislav Ĉupin (Rusio)
http://esperanto.china.org.cn/EL/EL/ElPopolaCxinio/bd98-9-9.html
Traduziu do Esperanto para o Português: Abel Sidney
Disponível em:
www.abelsidney.pro.br/acervodigital/rea/astresfilhas.pdf
2 comentários:
Amei este conto Abel, muito atual, pq hoje estamos tão atarefados que esquecemos daqueles que amamos, principalmente os mais velhos, não é exatamente o meu caso,mas as vzs penso que deveria me dedicar mais. Parabéns!
Grato, Tânia!
Pois é, sempre estamos "endividados" com as velhas gerações...;)
Grande abraço!
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