Como este leitor compulsivo dispensa apresentações vamos à entrevista que ele concedeu à Agência de Notícias Brasil que Lê:
“Eu lia muito quando criança. Primeiro, gibis. Depois, livros. Era o tipo de leitor que as pessoas chamam de compulsivo. Queria ler sempre. Se pegava um livro interessante, não parava de ler até chegar à última página. Os gibis, comecei a ler antes mesmo de entrar na escola.
Primeiro minha mãe lia pra mim. Depois, por falta de tempo, preferiu me ensinar a ler, aos pouquinhos, letra por letra, sílaba por sílaba, palavra por palavra. Assim, em pouco mais de três meses, já podia soletrar as palavras escritas nos balões das histórias em quadrinhos.
E, assim, fui “devorando” história após história, conhecendo os mais variados personagens e me deliciando com as descobertas que fazia naquela janela aberta para o mundo. Afinal, não havia televisão e o cinema não era para toda hora, pelo menos em minha idade, quase 6 anos. E eu morava em Mogi das Cruzes. Mas a curiosidade era maior do que a minha cidade, do que o meu país, do que o meu mundo. Queria mais e mais, pelas páginas dos gibis.
Depois de alguns poucos anos, as histórias em quadrinhos já não me bastavam. Acabavam logo. Eu lia rápido demais. E não era toda hora que havia gibis novos. Então, me caiu nas mãos um primeiro livrinho de história, bem infantil. Era a história de uma fadinha, com poucas cores, livro mal impresso e curto, texto simples. Li num pulo. Mas foi insuficiente. Queria mais.
Foi quando meu pai comprou uma edição colorida, em papel encorpado, textos curtos e grandes ilustrações, de uma história do Mickey, O Matador de Gigantes, baseado num desenho animado de Walt Disney. Muito bem impresso. Adorei!
Lia e relia. Via e revia as lindas ilustrações. E queria mais. Até que fui “atropelado” pela obra de Monteiro Lobato... e entrei no Paraíso. Era outro mundo, outro universo, outro estilo, outra coisa. Li tudo da turma do Sítio do Pica-pau Amarelo e, depois, passei para os livros que ensinavam matemática, gramática, falavam de petróleo, tudo do Lobato... Até chegar à portentosa série dos 12 trabalhos de Hércules. Ufa!
Já sabia Lobato de cor e estava na hora de passar para outros autores. A curiosidade me impelia. A compulsão me empurrava. Comecei a devorar os livros de aventuras, tipo Jack London, com quem fiz belas e inesquecíveis viagens. Igualmente com Julio Verne. Seguindo depois para romances históricos, biografias, ficção científica, policiais, além de obras de Machado de Assis, Eça de Queirós... e o que viesse mais.
Houve tempo, lá pelos meus 13 ou 14 anos, em que eu lia um livro por dia. Era o melhor “cliente” da biblioteca da escola, do ginásio, do município. Agradeço aos céus por isso, pois as leituras e tudo o que aprendi lendo – informações, estilos – me ajudaram em todos os momentos futuros da minha vida. Primeiro quando eu buscava os primeiros empregos e preenchia as primeiras fichas, o meu português me punha nos primeiros lugares das filas de pretendentes a uma colocação.
Foi assim nos primeiros escritórios em São Paulo e, depois no jornal Folha da Manhã (atual Folha de S. Paulo), onde fui repórter. Lá, também comecei a desenhar quadrinhos, como as histórias do Bidu. Foi quando precisei me comunicar oralmente. Ler e falar se completam. Assim, posso afirmar que, entre outros fatores, a leitura foi o fator mágico que me permitiu a comunicação fácil em qualquer circunstância. A chave, a porta e a entrada estão nos livros.”
Fonte: Brasil que Lê - Agência de Notícias - http://www.brasilquele.com.br/index.php
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