segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Gabo, Gabito, Gabriel Garcia Marques

O mundo virtual e seus labirintos hipertextuais nos conduzem a caminhos nunca dantes vistos. Ao seguir por suas trilhas podemos, pois, reunir e combinar fragmentos de informações coletadas aqui e ali, que se tornarão textos. O resultado pode ser pequenos posts ou escritos mais extensos.

Dito isso, podemos dizer o motivo que nos leva a escrever sobre o autor de Cem Anos de Solidão: simplesmente desejamos transcrever o post de Saramago, publicado ontem, 2 de agosto/2009, em seu diário virtual (cuja coletânea se tornará livro)

Antes, porém, de fazê-lo convém comentar brevemente sobre a autobiografia do citado escritor colombiano, anunciada como "volume um" de uma trilogia: Viver para contar.

Esta portentosa e impressionante obra nos revela algo que eu suspeitava e o Mário Prata tão bem sintetizou: "Lendo sua vida real, vemos que a sua ficção é muito pouco ficção". E isso incluiu os habitantes que nem permanecem, nem se vão completamente, tão bem descritos pelo Gabito: os espíritos, fantasmas ou outro nome qualquer que se lhes atribua.


O assombro que Gabo causa com o seu "realismo mágico", presente em maior ou menor grau em suas obras também fez Saramago perder o fôlego. Pois vamos ao que ele escreveu:

Gabo

Os escritores dividem-se (imaginando que aceitem ser assim divididos…) em dois grupos: o mais reduzido, daqueles que foram capazes de rasgar à literatura novos caminhos, o mais numeroso, o dos que vão atrás e se servem desses caminhos para a sua própria viagem. É assim desde o princípio do planeta e a (legítima?) vaidade dos autores nada pode contra as claridades da evidência. Gabriel García Márquez usou o seu engenho para abrir e consolidar a estrada do depois mal chamado “realismo mágico” por onde logo avançaram multidões de seguidores e, como sempre acontece, os detractores de turno. O primeiro livro seu que me veio às mãos foi Cem anos de solidão e o choque que me causou foi tal que tive de parar de ler ao fim de cinquenta páginas. Necssitava pôr alguma ordem na cabeça, alguma disciplina no coração, e, sobretudo, aprender a manejar a bússola com que tinha a esperança de orientar-me nas veredas do mundo novo que se apresentava aos meus olhos. Na minha vida de leitor foram pouquíssimas as ocasiões em que uma experiência como esta se produziu. Se a palavra traumatismo pudesse ter um significado positivo, de bom grado a aplicaria ao caso. Mas, já que foi escrita, aí a deixo ficar. Espero que se entenda.

http://caderno.josesaramago.org/


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