domingo, 2 de agosto de 2009

Poema também é para essas coisas...

Sabe aqueles erros que poderiam ter sido evitados se...

...tivéssemos sido mais prudentes, mais diligentes (zelosos, cuidados, aplicados, ativos, e portanto, menos preguiçosos e levianos)...

Pois é, diante da dificuldade de mudar velhos e arraigados hábitos vamos colhendo dissabores, sem necessidade.

Não vou submeter os meus ocasionais leitores aos meus problemas pessoais, pois não farei deste espaço um confessionário.

Mas podemos, poeticamente, cuidar disso, pois a poesia pode propiciar reflexões que transcendem os limites do nosso adorado umbigo, transmutando o "meu" em "nosso"...

Assim fiz nos poemas abaixo e no próximo que farei, sobre as pedras de tropeço já vistas, antevistas e ainda assim pisadas, chutadas para infelicidade do nosso pobre e desprotegido dedão:

A vida e a arte
- Escrevo melhor que sou
Dizia, humilde, o velho poeta.
Eu concordava, mudo.
- A poesia eu reescrevo,
Lapido, dou polimento...
Quanto a mim:
Para mudar
Uma só velha mania
Quantos anos levei!
Este sorriso que você vê,
Há décadas ensaio.
Não como ator, que finge
Mas como autor, que sou.
Se ele é hoje menos amargo
Custou-me muitas lágrimas.
Ainda dizem que a vida imita a arte!
A arte é que deveria meter-se na vida
E dominá-la, submetê-la...
Alguns não resistem a ela
E se entregam: esses são os grandes.
Conversa encerrada. Eu, mudo.
Assino embaixo.

Pendências

Não desejo deixar mais nada pendente:
Nem pingente, nem roupa seca tomando poeira no varal...

Recolher a todo instante o que esvoaça
E roçando passa promovendo atrito,
Pois manter pendências é exatamente isto:
Deslocar legiões de fantasmas a nos assombrar
Como as lembranças fugidias, das quais tentamos em vão escapar...

Estou fazendo devassa, levantando tudo o que vaga
Pelas paredes sujas, pela bagunça das gavetas
Pelo sótão da memória bem abarrotada
De quinquilharias não devolvidas
De promessas feitas e jamais cumpridas

Desejo agora tão somente o que possa
Dar firmeza e rumo ao chão:
Pedras soltas em meio aos dormentes
Destes feitos com madeira de lei
Para melhor assentar os trilhos
E poder seguir viagem...

E pensar que por deixar pra trás tanta coisa
Que tinha ou devia fazer
Que tudo fosse virar poema, ocupando a leitura alheia!

Por tudo o que seja sagrado, peço pois a meu leitor:
Não deixe nada pra depois e nem adie o que fazer!!

Por fim, buscando rima para finalizar este poema
Algo que rime com Bandeira Nacional – digna de ficar pendente
Nos postes, nos mirantes, ao alto, tremulante,
acabei, agora, por encontrar em meio às lembranças
uma frase simples, talvez apenas pra mim especial:
“Quando cumprimos à risca todos os deveres
O sentimento que brota no coração é tão compensador
Que nada no mundo se torna igual”....

Breve surto poético II - 26 abril 2007 (revisto hoje)

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