[a literatura] ajuda as crianças a aprender a ler e a gostar da leitura. Faz com que se relacionem com suas famílias e tornem-se parte de sua cultura. Amplia o campo de experiências e as ajuda a aprender a pensar. Traz prazer e cria desafios. O que mais podemos querer?
Para partilhar escritos em prosa e verso, ideias e invenções...
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Bem dito (i)
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Ler devia ser proibido
domingo, 4 de julho de 2010
Nada mais nos é estranho... Ou é?

Com direito de réplica, se ele puder se manifestar...
Vitalino de Caruaru poderia ter isso este oleiro...

sexta-feira, 2 de julho de 2010
Quem resistir e ler, verá! E se deliciará com Monteiro Lobato...
Decidi arrancar e publicar tudo o que anda atravancando estantes, gavetas e arquivos - reais ou virtuais.
Esta reportagem-entrevista com e sobre o Monteiro Lobato estava guardada a tempos. Nem mesmo eu a havia lido. E agora, depois de atualizar-lhe a ortografia, a compartilho com os meus raros e ocasionais leitores (desculpe-me se há alguns mais fiéis e constantes!)
Pensei em publicá-la com alguns comentários elucidativos, mas desisti. O encanto da reportagem, o estilo detalhista dos bons jornalistas de antigamente e outras surpresas dispensam adendos de qualquer natureza.
Boa leitura!

A MORTE É VÍRGULA, PONTO E VÍRGULA OU PONTO FINAL?
Folha da Noite, São Paulo, 22 de abril de 1947.
Monteiro Lobato, que vai regressar ao nosso país, quer verificar essa "inquietação". Em entrevista exclusiva para "Folha da Noite" narra o grande escritor as verdadeiras razões de sua viagem à Argentina e os motivos que o trazem de volta ao Brasil, aonde deverá chegar dentro de poucos dias.
Correspondência especial para a "Folha da Noite"
BUENOS AIRES, abril, por via aérea - Monteiro Lobato voltará ao Brasil no fim deste mês. Desta vez vai mesmo. E vai para ficar.
O seu retorno, tantas vezes anunciado e tantas vezes desmentido, foi-nos comunicado com essas simples palavras:
— Estou de malas prontas para voltar a São Paulo. Vou ficar em hotel, já que não há casa...
Foi assim que Monteiro Lobato nos revelou uma notícia que todos os verdadeiros amigos e discípulos do grande escritor desejavam ouvir há tanto tempo. E concluiu, resmungando:
— Não vá publicar nada do que lhe disse. Isso aqui é uma informação para uso pessoal e não uma entrevista. Veja esses recortes: são de entrevistas a mim atribuídas. E olhe quanta besteira contém esse pequeno trecho, quanta besteira em tão poucas linhas!
Uma entrevista nada fácil
A verdade, entretanto, é que nossa entrevista saiu sem que nós ou Monteiro Lobato estivéssemos com esta intenção. Ao visitá-lo, não nos passava pela cabeça entrevistá-lo. Alem do mais, quase que não havia nenhuma originalidade em mais uma entrevista com Lobato.
Raro é o jornalista brasileiro que vem a Buenos Aires e não corre logo à casa de Lobato. Que belo assunto para jornal. O repórter nem tem que fazer força. Lobato — e como ele e sua família sabem receber bem os brasileiros que passam por aqui! — vai dizendo, com aquele seu jeitão de caipira paulista, frases que podem constituir cada qual uma manchete. Mas, quando a entrevista sai, lá vem o estrilo.
A culpa, porém, nem sempre é do repórter. Não é nada fácil registrar mentalmente o aluvião de coisas interessantes que o escritor vai dizendo. Alem do mais, aqueles dois olhos negros, escondidos debaixo de um par de imponentes sobrancelhas, não param de se agitar. O pobre do repórter nem sabe o que deve registrar primeiro — as palavras ou a malícia do olhar, as frases ou aquela gargalhada nervosa e indecifrável.
E enquanto essa pequena tragédia profissional ocorre, Lobato — sem se dar conta de que o repórter esfrega intimamente as mãos de contente — vai destilando a sua amargura, essa amargura que o torna um dos espíritos mais construtivos do Brasil.
Foi assim que nasceu esta entrevista. Lobato agitou no ar um dos últimos recortes que recebera de São Paulo, onde alguém colocara em sua boca que "o Brasil melhorará porque não estava mais dominado por políticos ossudos, bojudos e soturnos".
— Eu nunca diria esse amontoado de asneiras. Ora, ora, políticos ossudos e bojudos! Você é capaz de me explicar o que quer dizer isso? Naturalmente me referi a qualquer outra coisa e o repórter fez a confusão.
Sim, Lobato tinha razão. Mas — que diabo! — ele estava falando com um jornalista. E o instinto profissional se manifestaria... Assim, de mansinho, partiu a insinuação:
— O método americano de entrevista de jornal, é que é batata. O repórter escreve as perguntas, o entrevistado as devolve datilografadas e não há jeito da confusão se estabelecer.
— É isso mesmo, respondeu Lobato. O que nos falta é método, é sistema. É por falta dessas coisas que a gente passa tantas vezes por desonesto e burro.
Enquanto Lobato falava, rabiscávamos — como quem não quer nada — um questionário. E o escritor mais lido e difundido na America Latina, caiu na armadilha como um patinho.
Aliás, para aproveitar a deixa, esta não é a primeira demonstração de inocência de Lobato. Apesar de seu ar feroz e casmurrão, ele é um dos homens mais puros do Brasil. E daí tantas de suas dores de cabeças.
A gente está habituada a vê-lo revolver e espicaçar a vaidade nacional com uma crítica impiedosa e incorruptível, como raros são os intelectuais do Brasil com coragem de fazê-lo. Entretanto, por detrás da cortina de ferro de ceticismo e descrença de Lobato, encontra-se um homem que ama o Brasil e que para torná-lo melhor vai dos livros ao fundo da terra, cria o Jeca Tatu, organiza editoras e funda companhias de petróleo e ferro, para ver se a coisa toma melhor jeito.
Aqui mesmo, em Buenos Aires o dedo de Lobato se acha por trás de tudo que signifique melhorar o nome e a posição do Brasil diante do povo argentino.
Há uma exposição de livros brasileiros. Oficialmente, é a nossa embaixada a sua organizadora. E não há dúvida que o jovem e eficiente secretário, Murilo Pessoa, dedicou-se a ela com o melhor dos seus esforços. Mas, é ele mesmo quem nos confessa:
— Monteiro Lobato foi o primeiro e o que mais nos animou e auxiliou na realização desse empreendimento.
E, se um dia a correspondência de Lobato for publicada — aliás, por que é que ninguém não se lembrou ainda de editá-la? — a gente descobrirá a preocupação de Lobato, por um Brasil melhor através dos inúmeros exemplos, sugestões, planos, críticas, conselhos, que ele envia incansavelmente daqui para os seus amigos e companheiros do Brasil.
Mas, isso já é assunto para outra conversa. Aqui, o que nos interessa é a entrevista, a primeira que Lobato afirma ser plenamente autorizada para os jornais do Brasil.
E, lá vai ela, tal e qual Lobato a redigiu, respondendo ao nosso questionário:
Em verdade, por que saiu do Brasil?
Monteiro Lobato — Para visitar na Argentina os trinta filhos que lá tenho sob forma de edições de livros.
E agora, qual a verdadeira razão de sua volta ao Brasil?
Monteiro Lobato — Nostalgia da língua. Descobri que Pátria é pura e simplesmente a língua nativa, na qual, desde o "papá-mamãe" vivemos organicamente como o bicho dentro da goiaba. Sinto-me bicho fora da goiaba, e quero a goiaba.
Comparativamente, quais as diferenças fundamentais de vida no Brasil e na Argentina?
Monteiro Lobato — As mesmas que há entre um automóvel que já partiu e um automóvel cujos passageiros ainda discutem com o chofer sobre o caminho a tomar.
Olhando de longe, seus pontos de vista sobre o futuro do Brasil sofreram qualquer alteração?
Monteiro Lobato — Nenhuma. Perto ou longe o nevoeiro é o mesmo.
Acha que a Argentina de hoje oferece alguns exemplos que o Brasil poderia aceitar e aplicar para o seu próprio desenvolvimento?
Monteiro Lobato — Acho que a abundância de água nas torneiras argentinas é um exemplo digníssimo de ser imitado pelas torneiras cariocas.
Voltando ao Brasil pretende divulgar o que viu na Argentina?
Monteiro Lobato — Divulgar a existência de bifes para o faminto e água para o sedento me parece obra de uma crueldade.
Finalmente, retornando ao Brasil, que pretende fazer?
Monteiro Lobato — Que pretendo fazer? Rebolar-me dentro da goiaba, contemplar o umbigo e preparar-me num convento para a viagem final. O meu cavalo está cansado, querendo cova — e o cavaleiro tem muita curiosidade em verificar pessoalmente se a morte é vírgula, ponto e vírgula ou ponto final.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Depoimento de Mário Peixoto
Um depoimento corajoso. Isso sintetiza o que está abaixo transcrito, aos retalhos, depois da entrevista ao vivo.
O primeiro cuidado a ser tomado será o de salvaguardar a identidade deste professor do ensino presencial, guindado instantânea e inadvertidamente à condição de tutor por conta de suas duplas qualificações profissionais (órgão do judiciário e ensino superior).
O segundo cuidado será atender à solicitação do Mário Peixoto (pseudônimo, evidentemente) quanto à utilização das “frases ilustradas” de um colega seu publicitário, lá de Pernambucano, que sabe tão bem dizer muitas coisas em poucos traços e uma curta frase.
Quando fui intimado a fazer o papel de tutor aceitei por um simples motivo: a tal da Instrutoria Interna iria acrescentar um respeitável numerário ao meu salário no final do mês. Com tantas bocas a alimentar, não pensei duas vezes.
É claro que pesou também na minha decisão o fato de que eu tinha um nome estabelecido no ensino universitário (sou professor horista em um faculdade particular).
Mas não deu exatamente certo esta experiência...
Pois é... E eu só soube depois de encerrado o curso, quando fui ler as avaliações! Aí é um choque só. Você acha que cumpriu o seu papel, fez o que tinha que fazer e depois descobre que tudo não passou de um fiasco. A frase que sintetizou o meu fracasso foi esta: “Respondeu burocraticamente a todas as questões e dúvidas. Era de dar sono...”
A seu favor contou o fato de que um curso sobre orçamento público não costuma despertar muitas paixões...
Aí é que você se engana! O curso não somente foi desejado, mas muito bem elaborado – com um bom material impresso e atividades virtuais bem planejadas. A exigência dos alunos, nestas circunstâncias, só aumentou. E eu não estive à altura de corresponder às suas expectativas, embora eu seja reconhecido, na prática, como um expert no assunto lá no meu trabalho. Na faculdade eu nunca havia induzido nenhum aluno ao tédio ou ao sono...
Faltou, então, preparação para este novo ambiente de ensino-aprendizagem?
Faltaram muitas coisas! Na verdade, a EaD acabou revelando as minhas deficiências como professor presencial, que tem abusado do domínio de disciplinas vistas como complicadas e que aprendi a torná-las, é verdade, menos chatas... Mas estou longe de ser um facilitador, como aprendi posteriormente. Sou um ministrador, uma espécie de reverendo, liberal por um lado, cômico e bonachão por outro, mas que não desce do púlpito para conviver mais estreitamente com os fiéis...
Ah, é claro que além das planilhas de cálculo e dos rudimentos dos editores de textos, eu não havia me atualizado nas ferramentas da informática. Como diz um amigo meu, a “razão instrumental” costuma ser meu único guia. E neste sentido ela se mostra muito limitada, pois meu senso de objetividade castrou muitas próprias possibilidades de avançar na busca de mais conhecimentos...
Cite um caso de exigência dos alunos por uma maior participação sua, que acabou por não acontecer...
Alguns alunos, espertamente, criaram um grupo de discussão para suprirem as minhas deficiências de “articulador”, de “maestro”. Isso eu só descobri depois...
É de se imaginar o que eles andaram dizendo de mim, em reservado!
O que importa, no entanto, é que não consegui: 1) levá-los a construir discussões coletivas, em torno dos temas que estávamos estudando e fracassei também em 2) incentivá-los a aprofundar no debate de alguns conceitos, que foram superficialmente abordados por mim, em minhas intervenções; em razão disso deixei de fazer importantes vínculos entre o mundo conceitual e o mundo da prática efetiva e cotidiana do orçamento em uma instituição pública... Como se vê, um duro aprendizado!
A maturidade de alguns colegas-alunos te pegou no contrapé, pelo visto.
Não se brinca, em se tratando do mundo virtual nem com crianças, quanto mais com colegas mais experientes! E com isso eu não contava! Eles dominavam um sem-número de ferramentas que eu nem mesmo tinha ouvido falar...
A experiência deles, no entanto, estava também na autogestão que eles passaram a colocar em prática, à minha revelia, sem o meu controle. E eu ainda me iludi acreditando que repassando algumas tarefas, que era minha, a alguns deles, eu estava no comando das situações! Na verdade, o grupo exigia uma relação mais horizontal, mais próxima, com o compartilhamento coletivo de algumas decisões, ou pelo menos, dos critérios que poderiam embasá-las.
Mas tudo isso eu só aprenderia depois da tal avaliação, que fez sumir o meu chão...
Diante desta revisão na carreira acadêmica, existiria algum ponto que você gostaria de apontar como “falha” antes e que te levou a melhorar após a citada avaliação do curso?
Por trabalhar em uma área que pode conduzir muitos profissionais a sérias limitações quanto à aquisição de competências transversais e interdisciplinares, eu tinha uma severa deficiência que não costumava transparecer em um meu trabalho cotidiano, mas que se revelou por completo no mundo virtual: a minha incapacidade de escrever com proficiência e de modo organizado e instigador, como descobri depois ser tão importante! Sem contar que não passou despercebido aos meus colegas-alunos meus incontáveis erros ortográficos e de outras naturezas...
Enfim, ingressei na primeira oportunidade em um curso online de aperfeiçoamento cujo nome, um tanto enigmático, me assustou a princípio: Letramento digital e aperfeiçoamento nas habilidades da leitura e escrita a partir dos gêneros textuais.
Depois me enveredei no aprendizado de tudo quanto é mapa – conceitual, mental, argumentativo. Melhorei muito a minha escrita, a leitura e a interpretação de textos, além de não ter mais parado de fazer cursos... A verdade dói, mas ensina, quando estamos abertos à crítica.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Juventude transviada, mal educada ou abandonada?

- Menos da metade dos jovens de 15 a 17 anos está cursando o ensino médio, etapa de ensino adequada para esta faixa etária.
- O Brasil ainda tem 1,5 milhão de jovens analfabetos (15 a 29 anos).
- E o mais grave: "a manutenção do número de analfabetos no país em patamar elevado está relacionada à baixa efetividade do ensino fundamental".
Um adendo ao último item: 44,8% das pessoas analfabetas com 15 anos ou mais já haviam frequentado a escola.
Eis aí um bom exercício de reflexão para todos nós que militamos na educação...
Para ler o livro na íntegra acesse: http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/pdf/20100119JUVENTUDE.pdf
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Para certos dias de chuva, nada com um "poema ao sol"

domingo, 3 de janeiro de 2010
Está aberto o debate... I
