domingo, 20 de março de 2011

Poemas vem sempre a calhar, quando o peso do peito preciso tirar


Grata tarefa a de semear letras ao vento

Que diante de tudo que tenho a fazer
do muito a realizar, em boa semeadura
que estes contratempos sejam como o pó
a sujar a sandália desgastada e
a ferida a exigir atadura

Varrendo o pó, revendo os acontecidos:
- quantas coisas aborrecidas no trabalho
e em casa, na lida de todo dia
coisas que por vezes me atazanam
e perturbam , me atando as mãos
que devo lavar com água benta na pia...

Sei que tenho tarefa a cumprir e
a hora, mais do que nunca, é chegada:
hora sagrada, em que do coração atento
devo deixar das mãos tudo escorrer

Mas a tudo me calo e engulo, sereno
pois na madrugada, a me refazer,
pego do lápis e me deixo divagar
em meio ao trabalho de tudo rever
pois alimento bom devo entregar!

Relembrando, então, estes embaraços
julgo tudo muito tacanho, pequeno
coisa de menor vulto, expressão
pois embora pequena tarefa
tenho tomado a escrita, mesmo modesta
como elevada missão

Seguirei, portanto, nas boas horas
do dia ainda a amanhecer
com as letras a semear. insistente
sob o bom sopro de vida a me inspirar
pois nas noites escuras que se prenunciam
luz alguma haverá de se desprezar

Reafirmo, portanto, por meio do meu canto:
mesmo distante de ser um sol resplandecente,
em meio à escuridão reinante
em torno das angústias e alheias tormentas
hei de ser estrela cadente...