sábado, 31 de janeiro de 2009

Perguntas inteligentes...

Criança diz cada uma!

A segunda história é da minha mais recente afilhada, a Maria Shirts, filha do Mateus e da Silvinha.

Deu-se que o pai da Silvia morreu, o velho e bom Lori. Maria, cinco anos, insistiu em ir ao velório ver o avô morto. Foi levada (nos dois sentidos).

No colo da mãe ficou ali alguns segundos, olhando para o avô. A sala cheia. De repente ela pergunta bem alto, como são, geralmente, as perguntas impertinentes:

- Mãe, como é que ele sabe que morreu?

Risadas filosóficas e generalizadas.

O pequeno relato acima, do Mário Prata, autor de inúmeras novelas de TV, mostra o quanto as crianças nos surpreende com suas perguntas inteligentes, muitas nascidas assim, no calor das circunstâncias, marcadas pela espontaneidade. Evidente que as crianças ignoram barreiras e limitações, tal como os adultos, já afetados pela síndrome do mico... (e mico já é assunto para outro post)

Fiquemos com a pergunta da menina, a pequena Maria, a nos exigir resposta:

- Como o morto sabe que já morreu?

Para escrever um novo post basta...

Em um post anterior brinquei com os leitores, colocando a foto do Fernando Sabino em uma matéria cujo título remetia ao Saramago. Além de ter de distribuir alguns pirulitos (virtualmente), para agraciar aqueles que descobriram quem era o escritor-de-sorriso-espontâneo-da-foto, recebi muitas respostas via grupo de discussão (das turmas de Letras da UNIR/UAB, Rondônia). Uma das respostas, já no calor das mensagens trocadas, está abaixo transcrita:

> Sobre O grande Mentecapto de Fernando Sabino, não assisti ao filme ainda, mas li o livro. Recomendo, muito bom mesmo.

> Abraços.
> Helena.


Daí a inspiração para este post - a resposta à Helena, tutora de EaD, de Ji-Paraná-RO.

Helena,

Os livros são sempre melhores. E se há alguma exceção que alguém me avise, pois desconheço.

Curiosamente, alguns pais tem despertado o gosto pela leitura em seus filhos meio sem querer... Como? Dando-lhes livro que pouco tempo depois se tornam filmes! Os filhos/as, adolescentes, jovens quando vão ao cinema ou assistem o DVD percebem claramente o contraste! A reação deles é engraçada, indo da indignação à revolta, com a quase sempre pouco compente adaptação cinematográfica (com raríssimas exceções).

A minha filha leu recentemente o best-seller romântico-vampiresco Crepúsculo, de Stephenie Meyer. Aliás, leu de graça, pois baixou da internet (tem quase tudo por lá/por aqui). Depois ela assistiu o filme e detestou. Um detalhe que merece consideração é o fato dela ser uma leitora com um senso crítico mais apurado, a despeito de ter apenas 15 anos. O seu entusiasmo com a obra foi moderado (embora tenha lido compulsivamente), o que não lhe preservou a capacidade de raciocínio...

Para os estudantes de Letras (Psicologia, Ciências Sociais e outros cursos afins) um bom exercício de investigação científica é ler e analisar as mais-do-que-entusiasmadas recomendações de leitores de obras como essa e outras do gênero pegou-não-se-consegue-mais-parar-de-ler. No site Submarino há um farto material de pesquisa à espera dos curiosos. Veja aqui

Enfim, se conseguirmos colocar livros nas mãos, antes que os filmes lhes cheguem aos olhos-e-ouvidos nós teremos conquistado mais um punhado de novos leitores.

É isso.

Abraços
Abel Sidney

PS: O filme eu recomendo, pois assisti. O livro já foi recomendado pela Helena. Divirtam-se!

Novas peças para incentivo à leitura - Série para.o.mural



De ontem para hoje, em meio a um trabalho que tenho feito, de revisão/reescrita de um livro, acabei por criar duas novas peças (materiais, cartazes) para se trabalhar nos murais das escolas, dentro do programa livro-carta-mural. 

Para quase tudo há uma explicação! foi o primeiro a ser elaborado.
Clique aqui para acessar.

Gente, o que significa isso? acabou de sair do forno! 
Clique aqui para acessar.

Aguardo as opiniões dos meus poucos, mas conceituados leitores...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Leitor eletrônico de livros (e-book)

O que dizem por aí...

Kindle, o e-book reader da Amazon, é um avanço
28 de novembro de 2007, 15:39
Por Gilberto Alves Jr.

A biblioteca de bolso finalmente chegou. Se fizer sucesso, o formato proprietário da Amazon vai abrir caminho para soluções abertas. E que fantástico impulso à educacão seria!

Para ler a matéria completa clique aqui.

Vivem dizendo que o livro vai sumir...

O entusiasmo que as novas tecnologias causam é quase sempre de causar espanto. Os adjetivos utilizados não sofrem qualquer restrição ou censura, apesar de não entregarem o que prometem, na maioria das vezes: re-vo-lu-cio-ná-rio, fan-tás-ti-co, sen-sa-cio-nal e tantos outros mais. 

O assunto sobre o leitor eletrônico de livros não é exatamente novo. Do que prometeram não sei exatamente o quanto cumpriram... Os livros comuns, de papel, seguem sendo publicados, como há alguns séculos. Novos suportes, é certo, surgiram e estão sendo utilizados. Porém, uma coisa é certa, nestas últimas décadas - nenhum meio de comunicação (ou suporte midiático) conseguiu acabar com os precedentes. O rádio não liquidou com a vida dos jornais. A televisão não extinguiu o rádio. A internet não decretou a falência dos citados meios anteriores. De modo que, mesmo que alguns venham a aderir ao e-book, bilhões de leitores continuarão a folhear livros-com-capa-e-miolo, de papel! 

Caso alguém conheça um de proprietário do Kindle, e que efetivamente use o seu aparelho no Brasil, lendo livros em português, favor me avisar!

Um leitor compulsivo...

Maurício relata sua experiência como leitor

Como este leitor compulsivo dispensa apresentações vamos à entrevista que ele concedeu à Agência de Notícias Brasil que Lê:

“Eu lia muito quando criança. Primeiro, gibis. Depois, livros. Era o tipo de leitor que as pessoas chamam de compulsivo. Queria ler sempre. Se pegava um livro interessante, não parava de ler até chegar à última página. Os gibis, comecei a ler antes mesmo de entrar na escola.

Primeiro minha mãe lia pra mim. Depois, por falta de tempo, preferiu me ensinar a ler, aos pouquinhos, letra por letra, sílaba por sílaba, palavra por palavra. Assim, em pouco mais de três meses, já podia soletrar as palavras escritas nos balões das histórias em quadrinhos.

E, assim, fui “devorando” história após história, conhecendo os mais variados personagens e me deliciando com as descobertas que fazia naquela janela aberta para o mundo. Afinal, não havia televisão e o cinema não era para toda hora, pelo menos em minha idade, quase 6 anos. E eu morava em Mogi das Cruzes. Mas a curiosidade era maior do que a minha cidade, do que o meu país, do que o meu mundo. Queria mais e mais, pelas páginas dos gibis.

Depois de alguns poucos anos, as histórias em quadrinhos já não me bastavam. Acabavam logo. Eu lia rápido demais. E não era toda hora que havia gibis novos. Então, me caiu nas mãos um primeiro livrinho de história, bem infantil. Era a história de uma fadinha, com poucas cores, livro mal impresso e curto, texto simples. Li num pulo. Mas foi insuficiente. Queria mais.

Foi quando meu pai comprou uma edição colorida, em papel encorpado, textos curtos e grandes ilustrações, de uma história do Mickey, O Matador de Gigantes, baseado num desenho animado de Walt Disney. Muito bem impresso. Adorei!

Lia e relia. Via e revia as lindas ilustrações. E queria mais. Até que fui “atropelado” pela obra de Monteiro Lobato... e entrei no Paraíso. Era outro mundo, outro universo, outro estilo, outra coisa. Li tudo da turma do Sítio do Pica-pau Amarelo e, depois, passei para os livros que ensinavam matemática, gramática, falavam de petróleo, tudo do Lobato... Até chegar à portentosa série dos 12 trabalhos de Hércules. Ufa!

Já sabia Lobato de cor e estava na hora de passar para outros autores. A curiosidade me impelia. A compulsão me empurrava. Comecei a devorar os livros de aventuras, tipo Jack London, com quem fiz belas e inesquecíveis viagens. Igualmente com Julio Verne. Seguindo depois para romances históricos, biografias, ficção científica, policiais, além de obras de Machado de Assis, Eça de Queirós... e o que viesse mais.

Houve tempo, lá pelos meus 13 ou 14 anos, em que eu lia um livro por dia. Era o melhor “cliente” da biblioteca da escola, do ginásio, do município. Agradeço aos céus por isso, pois as leituras e tudo o que aprendi lendo – informações, estilos – me ajudaram em todos os momentos futuros da minha vida. Primeiro quando eu buscava os primeiros empregos e preenchia as primeiras fichas, o meu português me punha nos primeiros lugares das filas de pretendentes a uma colocação.

Foi assim nos primeiros escritórios em São Paulo e, depois no jornal Folha da Manhã (atual Folha de S. Paulo), onde fui repórter. Lá, também comecei a desenhar quadrinhos, como as histórias do Bidu. Foi quando precisei me comunicar oralmente. Ler e falar se completam. Assim, posso afirmar que, entre outros fatores, a leitura foi o fator mágico que me permitiu a comunicação fácil em qualquer circunstância. A chave, a porta e a entrada estão nos livros.”

Fonte: Brasil que Lê - Agência de Notícias - http://www.brasilquele.com.br/index.php

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Resenhas podem nos livrar o bolso de gastos insensatos ou mesmo inúteis...

Ontem fui ao aeroporto cumprir dupla tarefa: buscar minha filha mais velha que voltava de viagem e levar meu primo Rogério, que embarcaria rumo a Jordão, pequena cidade acreana próxima à fronteira com o Peru, onde trabalha com saúde indígena...

Entre outras coisas, aeroporto tem suas boas vitrines, pouco acessíveis a bolsos modestos como o meu, mas um encantamento para os olhos.

E a melhor vitrine, a meu ver, é sempre a das livrarias. A do nosso aeroporto, incluso. 

Deparando-me com os livros em suas versões cada vez mais alargadas - em espessura e tamanho - além do colorido e das texturas convidativas ao tato, eis que um dos deles me chamou a atenção triplamente: pela capa, sóbria, pelo título e subtítulo. Ei-lo: 

Cultural Geral
Tudo o que se deve saber

Inclinado à compra, tentei levantar o preço/peso da obra, mas este estava muito além das minhas forças... Consolei-me, constrangido, pois não gosto simplesmente de apreçar as coisas... Mas cadê o dinheiro? 

Não tirei, porém, o livro do pensamento, pois ele poderia servir para sanar as lacunas de formação enciclopédica da minha citada filha... 

Mas, graças ao bom resenhista Jerônimo Teixeira, da revista Veja, fui salvo pelo gongo! 

Destacarei apenas alguns pequenos trechos de sua resenha antes de convidar o leitor à sua merecida leitura integral

(Abro um parêntese para denunciar o vício de escrever este e meus outros blogs, quando tenho muitas outras coisas a fazer neste exato momento! Lá vou eu. Depois retornarei!)

Já retomei a escrita, muitas horas depois. Reli, corrigi alguns erros grosseiros, lapidei o texto e agora já posso prosseguir, para ver se consigo encerrar este post hoje! 

Vamos aos trechos: 

. resumão - assim Teixeira descreve esta obra: "Não é o primeiro resumão do gênero a aparecer no mercado – outros autores já apresentaram  suas condensações da arte, da literatura, da filosofia".

. compêndio de divulgação cultural - e o que é compêndio mesmo? O Houaiss nos diz que é o  "resumo de uma teoria, ciência, doutrina etc." e o "livro, especialmente escolar, que enfeixa tal resumo". 

. "De tão tradicional, o gênero já tem suas convenções. A mais importante delas é a lista. Nenhum livro dessa linhagem pode negligenciar os dez maiores filósofos ou os 100 grandes poetas". (grifos nossos)

. "Cultura Geral, no entanto, é de uma chatice atroz. Suas pretensões eruditas são minadas por algumas falhas de informação (não, Darwin nunca disse que chimpanzés e gorilas são antepassados do homem) e pelo vício da generalização discutível – segundo Schwanitz, a literatura moderna é "deprimente" (sempre?) e os americanos são "otimistas" (todos eles?)". (grifos nossos)

. "A bagagem cultural média das pessoas se tornou mais dispersa e fragmentada. Ao mesmo tempo, porém, nunca antes a literatura, a filosofia, a arte estiveram tão disseminadas e acessíveis. As obras de Shakespeare e Darwin, por exemplo, podem ser encontradas em edição de bolso – ou lidas de graça on-line. Em vez de escorrer pelo ralo, a cultura está em toda parte". (grifos nossos)

Por fim, ao apontar outros autores que escreveram compêndios, o resenhista que diz estas obras tem um público certo: "o leitor preguiçoso"...

Bem, se isto pode servir de alerta, sacudamos a preguiça e, sempre que possível, leiamos algumas obras clássicas no original!!

É isso.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Saramago está a nos desafiar ou capitulou diante do enigmático "quê"?

enigmático sorriso...


Saramago no post de hoje, no seu caderno/blog, está a filosofar... Não se sabe ao certo, se demonstrando ceticismo ou humildade... 

E, por isso, além de transcrever abaixo,integralmente o texto, refaço o desafio saramaguiano, convidando os leitores (alô, alunos da UNIR/UAB!) a responderem: - "Que sou eu?

Vale qualquer ponto de referência. O interessante é o exercício da escrita, que por sua vez, nos força a queimar alguns neurônios!!

No aguardo e já ansioso...

Quê?