sábado, 28 de fevereiro de 2009

Quer mais? Plantão ortográfico com o professor Pasquale

Na TV Cultura, temos no Nossa Língua, agora um Plantão Ortográfico, com o professor Pasquale Neto, que dispensa apresentação.  

Foi lá, agora mesmo, que aprendi que os nossos vizinhos do Acre, para pasmo meu, serão doravante denominados acrianos!! 

Bem, o melhor do plantão é que quase tudo pode ser visto-e-ouvido em pequenos programas, fáceis de chegar aos micros mais lentos... 

Portanto, não há mais desculpas: domemos este animal bravio que se chama "novo acordo" e sigamos adiante dominando o verbo!

O enlace ou apontador (ou link) para este sítio educativo é http://www3.tvcultura.com.br/plantaoortografico/

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Replicar boas notícias é preciso. Sempre.

Nasce uma Criança Leitora

Toda vez que nasce uma criança na maternidade de Sinhá Castelo, localizada na cidade de Caxias, no Maranhão, a mamãe recebe um livro de literatura infantil, doado à criança. O ato simbólico do projeto Nasce uma Criança Leitora, que integra o Programa Nacional do Livro e Leitura (PNLL), busca conscientizar os pais da importância do livro para a formação cultural de seus filhos, bem como da leitura no desenvolvimento dos jovens. 

Assim, ao mesmo tempo em que facilita o acesso às obras literárias, conscientiza a população carente, além de também oferecer oficinas de narração e leitura de histórias para as mães.

O projeto é desenvolvido pelo Comitê do Programa Nacional de Incentivo a Leitura (Proler), por meio do departamento de Letras da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com a colaboração de professores e alunos, coordenados pela professora Joseane Maia Santos Silva.

De acordo com a professora, foram entregues 602 livros, de abril de 2008 até agora. "Estamos em plena campanha para darmos continuidade ao projeto, por isso será ótima a divulgação", diz Joseane.

Fonte: Brasil que Lê - Agência de Notícias - 17/02/09
http://www.brasilquele.com.br/texto_ler.php?id=4704&secao=20

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Meu herói!!

Aragorn, da saga O Senhor dos Anéis é o meu herói predileto. Ele representa o tipo ideal de herói mitológico, pelas diversas características que compõem um "indivíduo notabilizado por seus feitos guerreiros, sua coragem, tenacidade, abnegação, magnanimidade etc.", conforme o Houaiss. Na trilogia do filme, ele é o protagonista da terceira película, O Retorno do Rei, que merece ser vista (assim como as duas primeiras!)

Para os aprendizes da escrita ou interessados no tema, há um bom artigo escrito por Luiz Eduardo Ricón. Trata-se de A jornada do herói mitológico, que pode (e deve) ser baixado e degustado.

Encontrei também um roteiro de aula publicado na revista Nova Escola, denominado Como nasce um herói, de Paola Gentile. Na chamada para o texto ela nos convida:

Mostrar as semelhanças entre os personagens clássicos e os de filmes e HQs ajuda a ampliar o prazer de ler.

Disse tudo isso aí acima apenas para relatar uma experiência recente, em uma oficina de contos, que realizei junto a alunos das escolas públicas, durante a III Conferência Regional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, na escola estadual Major Guapindaia.

Utilizei o texto de A jornada do herói mitológico (distribui a primeira folha para os alunos) e a partir do esquema de construção de um herói mitológico elaborei com eles, interativamente, o roteiro de um conto em favor da defesa do meio ambiente. Foi um sucesso.

A despeito da nossa presumível habilidade em lidar com os alunos, o certo é que um bom texto é sempre uma mão na roda!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Clássico relançado em primorosa edição

Robinson Crusoé

Li Robinson Crusoé numa edição condensada, em 1980, da Tesouros da Juventude, lançado pela Editora Abril. 

Já trabalhava e paguei com dinheiro do próprio bolso. Eu tinha 16 anos e já havia comprado uma enciclopédia (que não serviu para muita coisa, de tão ruim!) e muitos discos (LPs), escolhidos a dedo. Sabia que estava adquirindo cultura, pois conhecera dois anos antes, em Ariquemes, o meu mentor literário-musical, um jovem técnico agrícola da Ceplac, que havia me apresentado os baianos Jorge Amado, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Trata-se de Eduardo Lemos Porto, de Ilhéus, sul da Bahia.

No ano seguinte, estudando no interior de São Paulo, em Lins, tomei contato com os clássicos da literatura brasileira e com os monstros hoje históricos da MPB, dos grandes festivais da TV Record...

Mas a aquisição daquela coleção de clássicos juvenis salvou-me do tédio naquele distante ano, em Ji-Paraná, quando tendo ficado desempregado e à toa, pude mergulhar nas aventuras de Robinson Crusoé, A Ilha do Tesouro, O Corcunda de Notre Dame e outros dos quais já me esqueci. 

E agora tomo contato com esta primorosa edição da Ajubel, editora espanhola, recém-premiada no Festival de Livros Infanto-Juvenis de Bolonha, na Itália.

Dizer que os clássicos não morrem é chover no molhado. Mas nos surpreender com reedições de tirar o folêgo só de se olhar a capa é acreditar que muitos outros leitores irão se deliciar e viajar no tempo-espaço para uma ilha imaginária da qual não se sai de lá de bolsos vazios...

Salve Crusoé e Sexta-Feira. Salve a literatura imortal. Salve!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O poeta morto que ainda recebe cartas regularmente...

Depois ainda questionam sobre o papel dos poetas... O que fazem, para que servem! 

Não vou entrar nesta discussão, mas o fato é que há poetas que ganham popularidade e seus escritos transcendem os limites do próprio tempo em que foram gestados e dados à luz. Outros são deixados ao esquecimento.

Um desses poetas, hoje esquecido, morou, morreu e foi sepultado em Porto Velho. Estamos a nos referir a Vespasiano Ramos

No Cemitério dos Inocentes, aqui na capital rondoniense, onde se encontram seus restos mortais, há também de haver uma posta restante para os poetas-mortos.

Quem se arrisca a lhe escrever uma carta?

António Machado morreu hoje há setenta anos. No cemitério de Collioure, onde os seus resto repousam, um marco de correio recebe todos os dias cartas que lhe são escritas por pessoas dotadas de um infatigável amor que se negam a aceitar que o poeta de “Campos de Castilla” esteja morto. Têm razão, poucos estão tão vivos. Com o texto que se segue, escrito por ocasião do 50º aniversário da morte de Machado, e para o Congresso Internacional que teve lugar em Turim, organizado por Pablo Luis Ávila e Giancalo Depretis, tomo o meu modesto lugar na fila. Uma carta mais para Antonio Machado.

Lembro-me, tão nitidamente como se fosse hoje, de um homem que se chamou António Machado. Nesse tempo eu tinha catorze anos e ia à escola para aprender um ofício que de pouco me viria a servir. Havia guerra em Espanha. Aos combatentes de um lado deram-lhes o nome de vermelhos, ao passo que os do outro lado, pelas bondades que deles ouvia contar, deviam ter uma cor assim como do céu quando faz bom tempo. O ditador do meu país gostava tanto desse exército azul que deu ordem aos jornais para publicarem as notícias de modo que fizessem crer aos ingénuos que os combates sempre terminavam com vitórias dos seus amigos. Eu tinha um mapa onde espetava bandeirinhas feitas com alfinetes e papel de seda. Era a linha da frente. Este facto prova que conhecia mesmo António Machado, embora sem o ter lido, o que é desculpável se levarmos em conta a minha pouca idade. Um dia, ao perceber que andava a ser ludibriado pelos oficiais do exército português que tinham a seu cargo a censura à imprensa, atirei fora o mapa e as bandeiras. Deixei-me levar por uma atitude irreflectida, de impaciência juvenil, que António Machado não merecia e de que hoje me arrependo. Os anos foram passando. Em certa altura, não me lembro quando nem como, descobri que o tal homem era poeta, e tão feliz me senti que, sem nenhuns propósitos de vanglória futura, me pus a ler tudo quanto escreveu. Por essa mesma ocasião, soube que já tinha morrido, e, naturalmente, fui colocar uma bandeira em Collioure. É tempo, se não me engano, de espetar essa bandeira no coração de Espanha. Os ossos podem ficar onde estão.

Um velho poema, nosso conhecido

Proverbios y cantares XXIX in Campos de Castilla

Antonio Machado (1875-1939)

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.

Caminhante, são os teus passos
o caminho e nada mais;
Caminhante, não há caminho,
O caminho faz-se a andar.
A andar faz-se o caminho,
e ao voltar a vista atrás
vê-se a senda que nunca
se há-de voltar a pisar.
Caminhante não há caminho
só sulcos no mar.

Traduzido por Antero Ferreira
http://cnovizela.blogspot.com/2008/03/caminhante-poesia-de-antnio-machado.html

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Literatura de auto-ajuda II

Não se pode dizer que se persegue gratuitamente as obras de auto-ajuda e os seus autores. Há fundamento nisso. Ou, pelo menos, aqueles que fazem o que se denomina crítica literária, acreditam piamente que suas opiniões

. partem de pressupostos (premissas, fundamentos) consistentes, não existindo perseguições gratuitas ou críticas desarazoadas;

. são fruto de uma avaliação, uma análise que podemos considerar científica, se levarmos em conta a possibilidade de qualquer outra pessoa, de posse do método, do referencial teórico, chegar a conclusões semelhantes...

Bem, por vezes, quem se manifesta não é propriamente um acadêmico (professor/pesquisador), mas um escritor, como o amazonense (e arquiteto) Miguel Hatoum. 

Ouçamos o que ele nos diz antes de se pronunciar sobre a literatura de auto-ajuda e o seu leitor...

uma obra literária permite ao leitor discernir tudo aquilo que, sem a leitura dessa obra, ele não teria visto ou percebido em sua própria vida.

O leitor mais sagaz nos devolveria de imediato:

- Epa, mas espere aí! Não seria esta exatamente uma das propostas da literatura de auto-ajuda: levar o leitor a reconhecer-se, a perceber-se, a discernir aspectos de sua vida, e a partir disso, tomar decisões?

Pois é, não há dúvida quanto às propostas dos autores da auto-ajuda. Os críticos, é preciso pontuar, não entram no mérito, propriamente, dito "dos efeitos salatures desta literatura, do ponto de vista psicológico", mas questionam as próprias substâncias do medicamento, isto é, as construções narrativas, as palavras utilizadas, para pretensos ou reais fins terapêuticos... 

No frigir dos ovos, eu, particularmente, penso que é preferível que se recorra à auto-ajuda e se encontre o equilíbrio, o bem-estar do que se permitir viver mal, mergulhar na depressão ou se matar!! Neste sentido, esta literatura há de ter, sem dúvida, a sua contribuição, o seu papel na saúde coletiva.

Porém, diriam os críticos não é necessário se matar a letra e o espírito juntos ao se escrever este tipo de literatura! Não é preciso jogar fora os recursos que a literatura e outras artes e técnicas afins duramente conquistaram ao longo dos séculos. Não haveria, pois, razão para se vender um medicamento que utiliza a palavra se maltratando tanto a própria palavra. Em outros termos:

. É possível escrever bem, utilizando-se de bons recursos, artifícios, mesmo se desejando aconselhar, entreter, estimular...

Fiquemos, pois, com Miguel Hatoum e o tudo o que mais se possa deduzir do que ele dirá:

O pior leitor é o passivo, resignado, que aceita tudo e lê o livro como uma receita ou bula para o bem viver. Este é o não-leitor. Porque o texto de auto-ajuda é um compêndio de trivialidades, palavras que não questionam, não intrigam nem fazem refletir sobre o mundo e sobre nós mesmos.