sexta-feira, 27 de março de 2009

Um poema para celebrar histórias esquecidas de tão vistas...

A propósito das Três Marias

Lugar comum pode ser
paisagem desbotada
que tantas vezes visitada
começa a nos cansar o olhar

Mas se o olhar se renova,
quando a ele se acrescentam
memórias de outros olhares,
novos retalhos de paisagem
surgem a nos reencantar.

Até mesmo águas passadas
tornam a mover os moinhos
e estas águas – caminhos
hão de trazer de longe
histórias esquecidas

Aí, diante das Três Marias,
tão nossas, tão firmes ao chão,
mas desgarradas no tempo,
face ao novo olhar hei de indagar:

- os operários em Chicago
suspeitavam da obra que ajudavam
a levantar tão distante?

- os estivadores em Itacoatiara
sabiam em que ponto mais distante
os milhares de parafusos iriam aportar?

- os marujos, de água doce e do mar
sabiam o que estavam a carregar?

e o mais grave ainda:
aqueles que a admiram
tem a mais vaga noção
de quantos acontecimentos passados
este momumento foi testemunha?

- quantos discursos, de improviso,
ali foram proferidos?

- quantas juras de amor entoadas
e levadas da boca ao coração?

Se alguma resposta puder ser obtida,
favor remeter ao meu endereço.
Segue abaixo orientação...

Foto: Mario Venere (nosso colega professor na UNIR)

PS.: escrita em meio às correções de textos produzidos pelos alunos porto-velhenses para a Olímpiada da Língua Portuguesa (2008).

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