quinta-feira, 30 de junho de 2011

surto poético intermitente (vii)

Chegou carta!

"- Quando as novas contas chegarem
nem quero estar aqui:
- melhor estar mesmo por aí
vivendo a vida sem pressa
inclusive de voltar pra casa
pois preciso garantir não só
o pão de cada dia
mas principalmente aquele
outro pão - o da alegria
(a patroa entrou, agora, numas de deprê!)

preciso colher qualquer alegria:

- a do cachorro que ao saltar para
comer comida fria, guardada,
dispensada, do outro dia
acaba por encontrar boa companhia
para partilhar a fina iguaria

- a do idoso que coleciona sombras,
ao insistir em acompanhar por cima do muro
a projeção das figuras na parede
que desfilam morro abaixo ou acima...
 
- a da criança que faz ponte improvisada
no filete d'água do esgoto
para fazer passar seu carrinho
feito das artes de sua própria e
improvisada carpintaria..."

Ele chega e descobre que o banco lhe enviou aviso
que o PIS está na conta

Nem precisaria mais das outras alegrias
Imaginadas e já colhidas,
mas assim mesmo comenta
aos poucos os acontecidos do dia
- para espantar, esconjurar a deprê
que nesse instante já debandou...
(o sorriso da patroa se abriu como flor
dessas, que ao sol, de súbito, da vida traz notícia)

Sob inspiração do Fabrício Carpinejar e do Mário Rui
16/julho/2008 |relido e refeito em 23 jan e 29 mar 2011

Nenhum comentário: