sexta-feira, 1 de julho de 2011

surto poético intermitente (viii)

Tua imagem, tua paisagem, teu dia

O tempo só me deixa ver nos teus olhos os fragmentos
certos traços do teu rosto, do teu corpo esguio...

E se busco compor uma paisagem, um cenário
com os recortes das lembranças que se acumularam
não te vejo senão nos cômodos da casa da mangueira ao fundo
e mais ao fundo ainda, um grande valão, assustador e que me atraía
e dali mesmo, da cozinha, da sala, falavas de outros mundos:
o mundo dos mistérios das incontáveis cavernas, da pedra que crescia
da fé que se multiplicava nos festejos todo ano, com tanta gente que vinha
para as justas homenagens à Nossa Senhora...

Para mais longe ainda ias, nas viagens já feitas e sepultadas
de outras cidades, para onde se deslocara e que de lá guardara:
pedras, muita pedraria – falsos brilhantes, vida vazia.
mas destas viagens trouxeste na bagagem um raro pergaminho,
um passaporte para o mundo de vasto conhecimento
que te permitiria te transformar em fada, estrela guia.

Das letras me ensinaste os mistérios, na rua Antonina.
em meio às minhas dores, restaurado eu conseguia
vislumbrar nos livros um novo rumo, uma promessa de novo dia.

E agora que escrevo e posso te incluir nos meus roteiros
nos contos, nas histórias infantis, nos poemas
busco te transformar em poesia.

Nesses dias em que se vão comemorar
de todas as mães o seu dia
fica aqui o meu desejo:
dedicar-te toda minha alegria!!

Para a tia Dagmar, que me alfabetizou, com todo o meu reconhecimento e gratidão.

Nenhum comentário: