quarta-feira, 29 de junho de 2011

surto poético intermitente (vi)

Inauguração

Hoje é sempre a primeira vez
se nossos olhos, na busca
do que não se revela fácil,
permitem sondagens que vão além
do que se vê por aí
(muitos insistem em ver
somente o que se vê toda dia...)

Ora, o rio de águas turvas
que se fez distante miragem
mas que está a alguns passos daqui

Ou o amigo com quem
tecemos tantos momentos
de encantamento
e que nos aguarda, ansioso

Ou ainda os fragmentos de sensações
do que vivemos ao longo dos dias

Tudo isso precisa ser renascido
como na primeira vez...

Passar em revista
fatos, pessoas e impressões
apenas para confirmar:
- tudo ainda está como deve estar?
é próprio da rotina
dos homens de rotina,
de retina viciada...

Todo dia é dia de inauguração:
aquele pedaço de sol poente
ou o retalho de céu
com todos os cambiantes do azul
merece novo recorte...

A tesoura pode ser a mesma,
mas a festa há de ser sempre outra.

Ao Alonso Alvarez,
por efeito de contágio poético |relido e refeito em 15 jul 2008 e em 23 jan 2011

Um comentário:

Lucas França de Souza disse...

é próprio da rotina
dos homens de rotina,
de retina viciada...

Ahhhh como me vejo nessa parte...
Mas, Deus sabe que de olhos cegos
A luz excelsa a encontrar um dia
verei o que meus pobres olhos
olham ,mas não enxergam.